Um dia o escritor francês Georges Perec me falou: Faça listas. Catalogue o ordinário que está a sua volta. Dê razão existencial ao cotidiano que constitui nossas vidas. Anote o que não se percebe, o que não têm sentido perceber. Colecione.

Assumo a postura benjaminiana do Colecionador. Colecionar e catalogar o mundo das coisas cotidianas, ordinárias. Preciosas banalidades cotidianas sem a menor qualidade. Coisas que passam despercebidas pelos olhos que vêm ver o mundo, a Cidade. “Num mundo que está bem adiantado em seu caminho para tornar-se um vasto garimpo a céu aberto, o colecionador se transforma em alguém engajado num consciencioso trabalho de salvamento”. (Susan Sontag)

Como conceito, colecionar é parte integrante de formulações humanas como a Memória, a transformação das palavras em linguagem, o desenvolvimento e aproximação da criança com o mundo. Colecionar é ato de rememoração, produção do conhecimento histórico, descontextualização de objetos no espaço e no tempo. Colecionar é reivindicar para si a possibilidade de possuir o mundo, mesmo apenas uma parte insignificante dele, ou até me relacionar com o Outro, no caso de coleções de objetos antigos ou encontrados e recolhidos. Colecionar é catalogar, inventariar, organizar, descontextualizar, resignificar, recriar, reexistir. Colecionar é “desinvestir” o objeto de seu sentido utilitário, é dar-lhe outro lugar no mundo dos objetos. Colecionar é ativar gavetas, arcas, baús, caixas. Colecionar é caminhar, frustrar-se, insatisfazer-se, continuar. Colecionar é um gesto filosófico, um portar-se perante, um exercício de memória prenhe de porvir, um olhar para o passado e para o futuro simultaneamente.

Por isso coleciono coisas e faço listas. Listas de coisas que encontro enquanto caminho/habito a Cidade. Aqui uma lista das coisas que são vermelhas. 

Por quê? Porque vermelho sempre me remeteu às coisas contraditórias, porém essenciais para as constituições humanas. Na política o vermelho é Esquerda, é luta, é necessidade de mudança, deslocamento do atual estado. A Esquerda sempre me pareceu contraditória (e me considero de Esquerda), buscando igualdades necessárias com ações homegeneizantes desnecessárias, por exemplo.

A “obsessão” pelo vermelho se intensificou no momento em que se iniciou o projeto/processo de golpe parlamentar no Brasil para destituição da presidente da república. Uma presidente que representava a Esquerda, mas se aproximou em demasia da Direita. Uma presidente contraditória. E como forma de manifestação silenciosa, busquei na cidade a presença necessária mas contraditória das coisas vermelhas, assim como nossa (ex) presidente. O vermelho é necessário... mesmo que contraditório.

ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS
Das Coisas Que São Vermelhas
Autor: Ricardo Luis Silva
Editora: por.onde.o.homem.anda 
ISBN: 978-855409872-8
Idioma: Português
Altura: 15 cm
Largura: 15 cm
Edição: 1ª
Ano de lançamento: 2018
Número de páginas: 82

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Das Coisas Que São Vermelhas

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Um dia o escritor francês Georges Perec me falou: Faça listas. Catalogue o ordinário que está a sua volta. Dê razão existencial ao cotidiano que constitui nossas vidas. Anote o que não se percebe, o que não têm sentido perceber. Colecione.

Assumo a postura benjaminiana do Colecionador. Colecionar e catalogar o mundo das coisas cotidianas, ordinárias. Preciosas banalidades cotidianas sem a menor qualidade. Coisas que passam despercebidas pelos olhos que vêm ver o mundo, a Cidade. “Num mundo que está bem adiantado em seu caminho para tornar-se um vasto garimpo a céu aberto, o colecionador se transforma em alguém engajado num consciencioso trabalho de salvamento”. (Susan Sontag)

Como conceito, colecionar é parte integrante de formulações humanas como a Memória, a transformação das palavras em linguagem, o desenvolvimento e aproximação da criança com o mundo. Colecionar é ato de rememoração, produção do conhecimento histórico, descontextualização de objetos no espaço e no tempo. Colecionar é reivindicar para si a possibilidade de possuir o mundo, mesmo apenas uma parte insignificante dele, ou até me relacionar com o Outro, no caso de coleções de objetos antigos ou encontrados e recolhidos. Colecionar é catalogar, inventariar, organizar, descontextualizar, resignificar, recriar, reexistir. Colecionar é “desinvestir” o objeto de seu sentido utilitário, é dar-lhe outro lugar no mundo dos objetos. Colecionar é ativar gavetas, arcas, baús, caixas. Colecionar é caminhar, frustrar-se, insatisfazer-se, continuar. Colecionar é um gesto filosófico, um portar-se perante, um exercício de memória prenhe de porvir, um olhar para o passado e para o futuro simultaneamente.

Por isso coleciono coisas e faço listas. Listas de coisas que encontro enquanto caminho/habito a Cidade. Aqui uma lista das coisas que são vermelhas. 

Por quê? Porque vermelho sempre me remeteu às coisas contraditórias, porém essenciais para as constituições humanas. Na política o vermelho é Esquerda, é luta, é necessidade de mudança, deslocamento do atual estado. A Esquerda sempre me pareceu contraditória (e me considero de Esquerda), buscando igualdades necessárias com ações homegeneizantes desnecessárias, por exemplo.

A “obsessão” pelo vermelho se intensificou no momento em que se iniciou o projeto/processo de golpe parlamentar no Brasil para destituição da presidente da república. Uma presidente que representava a Esquerda, mas se aproximou em demasia da Direita. Uma presidente contraditória. E como forma de manifestação silenciosa, busquei na cidade a presença necessária mas contraditória das coisas vermelhas, assim como nossa (ex) presidente. O vermelho é necessário... mesmo que contraditório.

ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS
Das Coisas Que São Vermelhas
Autor: Ricardo Luis Silva
Editora: por.onde.o.homem.anda 
ISBN: 978-855409872-8
Idioma: Português
Altura: 15 cm
Largura: 15 cm
Edição: 1ª
Ano de lançamento: 2018
Número de páginas: 82

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