O novo livro de Carla Diacov, sétimo da autora e sua estreia na garupa, é um outro e novo desdobramento de sua poética fragmentária e sarcástica, caleidoscópio de sentidos. Nele, a poeta intensifica sua aposta no atravessamento e no jogo com a loucura, como explora o posfácio-conversa entre os escritores Erica Zíngano, Francine Jallageas e Tom Nóbrega.
: pesçoço X sobreviventes atua no limite da desrazão, ou melhor seria dizer, da derrisão: sugere algum riso zombeteiro frente ao sentido, uma jocosidade contra a nossa linearidade lógica. Ao longo do livro, encontramos um diálogo entre duas vozes sem rosto – representadas, como sugere o título, pelo sinal : quando tratando-se do pescoço e pela letra x quando dos sobreviventes –, que não fixa sobre elas nenhum arquétipo encerrado em si mesmo.
Parece haver um jogo entre dois eus líricos que assumem diversas faces, se intercalam e se opõem. Entre as tantas possibilidades de leitura, há nesse diálogo ruidoso entre pescoço e sobreviventes uma conversa entre aqueles que assumem o risco e aqueles que se deixam tomar pela neurose coletiva. E o pescoço, elo que une (e separa) a cabeça ao corpo, sugere ainda alguma coerência diante de um mundo repleto dos que, suportando-o, apenas sobrevivem. Leituras que não se encerram e não encerram o livro e, justamente por isso, evidenciam uma das características mais marcantes da poética de Diacov: a impossibilidade de enquadrar os poemas em sentidos únicos, dar a eles interpretações rápidas.
Com uma sintaxe de novos encaixes, ou em alguns momentos investindo na potência do ato falho – como quando louça vira louca e assim dá-se um chá da tarde – a poeta convoca a potência da linguagem de ser uma superfície que oculta e mostra o real no mesmo gesto. Como se fosse a fala de um chapeleiro maluco, o famoso personagem de Alice no país das maravilhas que, com sua visão distorcida e desordem discursiva, pavimenta o delírio como um atalho. E em tempos de distopia como os que vivemos, a aposta no ponto cego da linguagem parece, nesse livro, restituir ao poeta alguma bússola possível.
ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS
: pescoço x sobreviventes
Autora: Carla Diacov
Editora: Edições Garupa
ISBN: 9786588253045
Idioma: Português
Altura: 21 cm
Largura: 14 cm
Edição: 1ª
Ano de lançamento: 2021
Número de páginas: 132
Clique neste link para conhecer o prazo de entrega e outros detalhes da Banca Tatuí.
: pescoço x sobreviventes
O novo livro de Carla Diacov, sétimo da autora e sua estreia na garupa, é um outro e novo desdobramento de sua poética fragmentária e sarcástica, caleidoscópio de sentidos. Nele, a poeta intensifica sua aposta no atravessamento e no jogo com a loucura, como explora o posfácio-conversa entre os escritores Erica Zíngano, Francine Jallageas e Tom Nóbrega.
: pesçoço X sobreviventes atua no limite da desrazão, ou melhor seria dizer, da derrisão: sugere algum riso zombeteiro frente ao sentido, uma jocosidade contra a nossa linearidade lógica. Ao longo do livro, encontramos um diálogo entre duas vozes sem rosto – representadas, como sugere o título, pelo sinal : quando tratando-se do pescoço e pela letra x quando dos sobreviventes –, que não fixa sobre elas nenhum arquétipo encerrado em si mesmo.
Parece haver um jogo entre dois eus líricos que assumem diversas faces, se intercalam e se opõem. Entre as tantas possibilidades de leitura, há nesse diálogo ruidoso entre pescoço e sobreviventes uma conversa entre aqueles que assumem o risco e aqueles que se deixam tomar pela neurose coletiva. E o pescoço, elo que une (e separa) a cabeça ao corpo, sugere ainda alguma coerência diante de um mundo repleto dos que, suportando-o, apenas sobrevivem. Leituras que não se encerram e não encerram o livro e, justamente por isso, evidenciam uma das características mais marcantes da poética de Diacov: a impossibilidade de enquadrar os poemas em sentidos únicos, dar a eles interpretações rápidas.
Com uma sintaxe de novos encaixes, ou em alguns momentos investindo na potência do ato falho – como quando louça vira louca e assim dá-se um chá da tarde – a poeta convoca a potência da linguagem de ser uma superfície que oculta e mostra o real no mesmo gesto. Como se fosse a fala de um chapeleiro maluco, o famoso personagem de Alice no país das maravilhas que, com sua visão distorcida e desordem discursiva, pavimenta o delírio como um atalho. E em tempos de distopia como os que vivemos, a aposta no ponto cego da linguagem parece, nesse livro, restituir ao poeta alguma bússola possível.
ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS
: pescoço x sobreviventes
Autora: Carla Diacov
Editora: Edições Garupa
ISBN: 9786588253045
Idioma: Português
Altura: 21 cm
Largura: 14 cm
Edição: 1ª
Ano de lançamento: 2021
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